quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

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quantos sites de crítica literária você conhece? agora me diga quantos sites de crítica teatral você já acessou. agora tente lembrar quantas críticas sobre livros de dramaturgia você já leu neles. ok, com certeza a resposta é “não muitas”!

isso não é à toa. cada vez mais a literatura dramática se revela como um filho sem pai e nem mãe. e isso, com certeza, não quer dizer que ela esteja em baixa, que poucas pessoas se interessam por ela ou que a quantidade de escritores dramáticos tem diminuído com o passar dos anos. nada disso!

a questão é que depois da crise em meados do século xviii, a dramaturgia tem encontrado resistência em qualquer tentativa de pertencimento, tanto na linguagem teatral quanto na literária. cada vez mais as produções cênicas vêm buscando uma autonomia da soberania do drama, e também é cada vez menor o espaço cedido aos livros de dramaturgia nas estantes das livrarias – um sintoma disso são as prateleiras de teatro destinadas à dramaturgia juntamente com teorias do teatro e também relatos de montagem.

quando citada, a dramaturgia é sempre apontada como um elemento da encenação. é claro que, quando se lê um texto dramático é imprescindível que se pense no teatro. mas quais são os parâmetros que fazem validar um texto, um escrito como dramaturgia?

alguns acreditam que um texto teatral exista pela ausência de um narrador, no qual os personagens se apresentam e agem através da sua própria fala. outros afirmam que é a capacidade de perceber a palavra enquanto sonoridade vocal que o qualifica. e ainda outros percebem a dramaturgia como algo que prescinda do ator, um texto que revele em si uma ausência que somente se completa na fisicalidade do ator.

questiono isso porque cada vez mais romances, contos, poesias vêm sendo utilizados como material literário para a construção da cena. 

entre aproximações e afastamentos com a tradição, essas questões se desdobram em muitas outras e, certamente, não encontraremos uma única resposta como verdadeira. o que acontece hoje é que cada autor, dramaturgo, ao escrever o seu texto tenta responder essa pergunta, tentando a cada obra, reinventar o conceito de dramaturgia.

a intenção deste blog é justamente tentar apresentar uma parcela de obras brasileiras que se propõem enquanto escrita para a cena e que estão publicadas e acessíveis ao público, independentes de serem encenadas ou não. Apresentando e a discutindo essas obras no papel, o blog pretende incentivar a reflexão e o consumo de dramaturgia, auxiliando, quiçá, no aumento do número de obras de dramaturgos brasileiros nas prateleiras das livrarias.

2 comentários:

  1. Boa sorte na empreitada, há muito trabalho para ser feito no campo que você escolheu trazer à tona, espero que transborde e desdobre. No que puder estou aqui para colaborar.

    Abraço grande!

    Murilo De Paula

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  2. que raridade, lígia. que o blog tenha vida longa!

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