quantos sites de crítica literária você conhece? agora me diga quantos sites de crítica teatral você já acessou. agora tente lembrar quantas críticas sobre livros de dramaturgia você já leu neles. ok, com certeza a resposta é “não muitas”!
isso não é à toa. cada vez mais a
literatura dramática se revela como um filho sem pai e nem mãe. e isso, com
certeza, não quer dizer que ela esteja em baixa, que poucas pessoas se
interessam por ela ou que a quantidade de escritores dramáticos tem diminuído
com o passar dos anos. nada disso!
a questão é que depois da crise
em meados do século xviii, a dramaturgia tem encontrado resistência em qualquer
tentativa de pertencimento, tanto na linguagem teatral quanto na literária. cada
vez mais as produções cênicas vêm buscando uma autonomia da soberania do
drama, e também é cada vez menor o espaço cedido aos livros de dramaturgia nas
estantes das livrarias – um sintoma disso são as prateleiras de teatro destinadas à dramaturgia juntamente com teorias do teatro e também relatos de
montagem.
quando citada, a dramaturgia é
sempre apontada como um elemento da encenação. é claro que, quando se lê um
texto dramático é imprescindível que se pense no teatro. mas quais são os
parâmetros que fazem validar um texto, um escrito como dramaturgia?
alguns acreditam que um texto teatral exista pela
ausência de um narrador, no qual os personagens se apresentam e agem através da
sua própria fala. outros afirmam que é a capacidade de perceber a palavra
enquanto sonoridade vocal que o qualifica. e ainda outros percebem a
dramaturgia como algo que prescinda do ator, um texto que revele em si uma ausência
que somente se completa na fisicalidade do ator.
questiono isso porque cada vez mais romances, contos, poesias vêm sendo utilizados como material literário para a construção da cena.
questiono isso porque cada vez mais romances, contos, poesias vêm sendo utilizados como material literário para a construção da cena.
entre aproximações e afastamentos
com a tradição, essas questões se desdobram em muitas outras e, certamente, não
encontraremos uma única resposta como verdadeira. o que acontece hoje é que
cada autor, dramaturgo, ao escrever o seu texto tenta responder essa pergunta,
tentando a cada obra, reinventar o conceito de dramaturgia.
a intenção deste blog é
justamente tentar apresentar uma parcela de obras brasileiras que se propõem
enquanto escrita para a cena e que estão publicadas e acessíveis ao público,
independentes de serem encenadas ou não. Apresentando e a discutindo essas
obras no papel, o blog pretende incentivar a reflexão e o consumo de dramaturgia,
auxiliando, quiçá, no aumento do número de obras de dramaturgos brasileiros nas
prateleiras das livrarias.
Boa sorte na empreitada, há muito trabalho para ser feito no campo que você escolheu trazer à tona, espero que transborde e desdobre. No que puder estou aqui para colaborar.
ResponderExcluirAbraço grande!
Murilo De Paula
que raridade, lígia. que o blog tenha vida longa!
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